Técnica acumula experiência e assume protagonismo feminino no futebol 7 com apenas 22 anos
O futebol 7, conhecido também como futebol society, é um esporte novo no Brasil. Segundo a CBF7 (Confederação Brasileira de Futebol 7 Society) ele surgiu na década de 50 no Rio de Janeiro (RJ), e vem conquistando o seu público desde então. Atualmente conta com 12 milhões de participantes nas 24 Federações Estaduais, 150 Ligas Municipais e na Liga Nacional.
Inserida neste cenário, Géssica Ribeiro Souto de 22 anos é treinadora do time masculino de futebol 7, Real Tamanda de Porto Alegre (RS), desde 2015, ano de sua fundação. Ela conta que a carreira como técnica começou naturalmente. “Na verdade não teve bem uma vontade, simplesmente aconteceu, acompanhei o time em alguns jogos e aconteceu. Meu marido e meu compadre jogam lá”, explica.
A trajetória como técnica de futebol 7 pode ser recente, mas Géssica está envolvida com esportes desde criança. “Futebol é minha vida desde que me conheço por gente, não sei bem quando começou, mas vem de tempo comigo”, afirma. A treinadora também já jogou futebol 7, tradicional, futsal e treinou uma equipe masculina de handball em 2008.
Como treinadora do clube gaúcho, ela conta que no início de sua carreira, o relacionamento com a equipe não era dos melhores. “Passamos por maus bocados, houve algumas desavenças com alguns atletas, mas com trabalho e determinação provei merecer o lugar de comandante desta equipe e desde então tenho apoio total dos meus atletas”, esclarece.
Ter que provar que se tem conhecimento de futebol para se firmar dentro da turma e até mesmo na profissão é algo comum para as mulheres. “É complicado fazer um homem entender que você o comanda por saber mais de futebol do que ele, não na parte aplicada, mas na teoria”, conta Géssica. Para ela, esse preconceito é a maior dificuldade. “Escutamos muita coisa de pessoas que nem conhecem o nosso potencial. Simplesmente por acharem que tem o direito de julgar”, completa.
A técnica acredita que faltam, por parte das federações, incentivos para as mulheres serem inseridas no futebol. “Tanto criar competições que sejam femininas, quanto em incentivar e proteger essas mulheres que sonham em fazer parte da história do futebol, pois infelizmente ele ainda é muito machista”, explica.
Géssica Ribeiro no comando do Real Tamanda (RS), onde trabalha sem nenhuma remuneração (Foto: Arquivo Pessoal)
O Real Tamanda é composto por 22 atletas. Para este ano a treinadora conta que as metas são consolidar a equipe com atletas comprometidos e conseguir uma vaga na Série Bronze de futebol 7. O time atualmente não compete em nenhuma série e em aproximadamente 20 dias estreia no inter-regional do Rio Grande do Sul.
As medidas do campo, tipos de penalizações, gramado, substituições livres e tempo de jogo são algumas das diferenças do futebol 7 e o tradicional. A treinadora explica que os principais esquemas táticos adotados pelas equipes são os: 1-3-3, 1-2-3-1 e 1-3-1-2.
Umas das principais dificuldades da modalidade é o número de contusões por carga de jogo. “Precisamos de um trabalho físico bem forte para aguentar. A bola é mais leve que a de futsal, porém mais pesada que a de campo. Isso trouxe uma dificuldade inicial para os atletas se adaptarem”, conta Géssica.
Já a facilidade é poder trocar de esquema tático quando necessário e também “a rotatividade da equipe, que faz com que o jogo seja definido muitas vezes em apenas um lance”, concluí.
Para Géssica, Chega Desse Papo que “mulher não pode, a gente pode sim e precisa da ajuda de quem acredita na gente, independente de sexo. Porque saber ou ser bom em algo não tem nada a ver com sexo e sim com empenho”, finaliza.