Uniforme machista
A diferença de trajes de mulheres e homens no lançamento do uniforme do Galo (Foto: Buno Cantini/Atlético MG)
Na segunda-feira (15/02), o futebol viveu mais um capítulo de machismo e objetificação da mulher no esporte e, infelizmente, não é o primeiro e nem será o último caso. O episódio aconteceu em Belo Horizonte, no desfile de lançamento da nova coleção do uniforme do Atlético-MG para a temporada 2016, em parceria com marca canadense de materiais esportivos Dryworld.
Durante o desfile para a apresentação do uniforme, as modelos entraram na passarela de biquíni usando junto ou camisa ou calção do uniforme. Algumas, também trajando biquini, carregavam apenas a bandeira do clube. Compondo ainda o desfile, uma dessas modelos era uma menina, que usava apenas a camisa, a parte debaixo do biquíni e o meião. Enquanto isso, claro, que todos os homens desfilaram com o uniforme completo (camisa, calção/calça e meião).
Como se nada disso bastasse para contribuir com o machismo, camisas promocionais distribuídas no dia do lançamento, pela fornecedora do uniforme, tinham escritas nas instruções de lavagem a frase: “Give it to your wife”, em português, “Dê à sua mulher”.
Essas atitudes evidenciam claramente a exploração da imagem feminina para atrair exclusivamente o público masculino, ou seja, servimos apenas como vitrine no futebol. Além de reforçar estereótipos que estamos cansadas de ouvir, que o lugar da mulher é com as tarefas domésticas e não no futebol.
Não é de hoje que nós mulheres somos objetificadas dentro do esporte, mas é extremamente revoltante e triste ver um clube brasileiro propagando ainda mais o machismo dentro das quatro linhas, algo que nós amantes do futebol tanto combatemos, em uma luta diária que se vê enfraquecida por um time fazer esse tipo de evento.
As mulheres não são enfeites para deixar o estádio mais bonito e agradável e muito menos um produto para agradar e atrair o público masculino. São torcedoras fanáticas, que acompanham seu time, vibram, choram, torcem e entendem de futebol. Merecem uma maior representatividade nesse meio. É importante que os clubes e outros torcedores entendam que o futebol, já há muito tempo, não é mais um espaço exclusivamente masculino.
* Segunda foto: Desfile foi marcado pelos trajes da modelos (Foto: Buno Cantini/Atlético MG)